Afonso era destas pessoas pacatas,que vivia de uma pequena aposentadoria,na casa reformada que um dia fora de seus pais.Cristão fervoroso,desde sua juventude servia ao Senhor na mesma igreja.Casou-se mas logo ficou viúvo e sem filhos também.Decidiu viver sozinho,cultivando algumas plantas e tratando de um pomar que tinha aos fundos da casa.Quando jovem,não tinha muitos vizinhos pois o bairro era afastado da cidade.Mas o tempo passou,e agora havia casas por todos os lados,barulho e agitação.Certa vez,notou que todos os dias,no mesmo horário,uma pedra era atirada em sua casa.Ficou chateado,pois pensava consigo mesmo:deve ser alguma criança arteira...Se saísse de casa.ao chegar,lá estava ela, a pedra em sua porta ou próxima dali.Tentou conversar com o vizinho,mas nunca encontrava ninguém em casa para explicar o caso.Pensou então que seria melhor colocar uma escada no muro,e perto do horário em que as pedras eram atiradas,subir e pegar a criança no ato da traquinagem.Durante várias semanas juntou cada pedra e guardou para mostrar aos pais da criança a peraltice.Naquele dia porém,esperou,e esperou,mas a pedrada não veio.Subiu devagar no muro.O susto foi tão grande,mas mudou toda a sua vida:ali ao lado de sua casa,alguém que não falava,nem andava,arrancava pedras do jardim de sua casa e jogava na casa do vizinho para tentar se comunicar.Era quando saía um pouco de dentro de casa para tomar ar puro.Nem todas as pedras são para atingirnos;podem ser a maneira de alguém apenas querer se comunicar...
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